O sonho de abrir o próprio negócio faz parte dos desejos de muitos brasileiros


Empreender. Inventar ou reinventar algo. Trazer ao público uma experiência totalmente inusitada ou, simplesmente, sobre algo já existente. Simplesmente? Digamos que empreender não é uma tarefa tão simples assim. Atualmente, vivemos em uma era em que há muitos negócios e tecnologias cada vez mais sofisticadas que acirram a concorrência, e softwares que auxiliam o dia a dia do empresário. E para que tudo isso dê certo, o que é necessário para um empreendedor encontrar o verdadeiro caminho para o sucesso?
O sucesso depende de muitos fatores e, geralmente, é resultado de esforços de longo prazo. O empreendedor que quer se sair bem precisa, em primeiro lugar, conhecer as suas habilidades, o mercado em que vai atuar e os seus concorrentes e, a partir desse ponto, montar um planejamento estratégico detalhado e segui-lo no decorrer do processo do negócio. Na opinião da especialista em coaching, Susana Azevedo, é esse planejamento, colocado no papel, que dará o caminho a ser traçado. Outro ponto importante ressaltado por ela é o fato de grande parte dos empresários gostarem de desenvolver coisas novas, inventar e possuir maior dificuldade com rotina, planejamento, prazos. Com isso, ela quer dizer que "um empreendedor também deve conhecer os pontos fracos que possam atrapalhar o sucesso do projeto, e a partir daí, se preparar, seja eventualmente por meio de um desenvolvimento individual ou, ainda, agregando à sua equipe pessoas que complementem o seu perfil empreendedor".
O coordenador do curso de Administração do Centro Universitário Plínio Leite (Unipli) - controlado pela Anhanguera Educacional -, professor Gláucio Matos, diz que, nesta época de alta competitividade, um caminho imprescindível para o empreendedor obter sucesso é estar "antenado" às informações do mercado, pois vivemos na era da informação e do conhecimento. "Sem eles, fica mais árduo buscar inovação e diferenciais competitivos para o empreendimento". Aliado à informação e ao conhecimento, Matos também aponta como um caminho para o sucesso, o desenvolvimento de um plano de negócios. "Um bom projeto servirá como uma bússola, ou melhor, como um GPS, para sinalizar ao empreendedor as possíveis ameaças e oportunidades proporcionadas pelo mercado, além de identificar as suas forças e fraquezas".
Identificar uma fatia do mercado que aceite o seu produto é fundamental para o sucesso do negócio e pode ser percebida por pesquisas de opinião, consultoria especializada e analisando a concorrência. A nutricionista e proprietária da Gola Gelato e Caffè, Gisele Cristina Pinheiro, é um exemplo de quem decidiu assumir o lado empreendedor quando se viu sem oportunidades de crescimento no local em que trabalhava.
Entretanto, para iniciar o novo negócio, ela explica que escolheu a gelateria italiana por perceber um déficit de sorvetes de altíssima qualidade na cidade de Campinas, São Paulo; por existir poucos concorrentes e por ser um tipo de produto que está em alto crescimento no País atualmente. "Os consumidores estão buscando produtos de qualidade elevada e interessados em coisas mais saudáveis, de baixa caloria e sem gordura, corantes e conservantes. As pessoas estão optando por uma alimentação saudável e natural", explica.
Como o Brasil é um país com costumes diferentes dos da Europa, foi necessária uma adaptação para atender (e sobreviver) ao mercado. "Por aqui, não existe ainda o hábito de se consumir sobremesas geladas no inverno (diferentemente da Europa), então incorporamos alguns produtos (todos seguindo o padrão de qualidade do gelato) para atender aos clientes, como cafés diferenciados, chocolates quentes, chás, salgados e doces", explica Gisele.
"Ser empreendedor é uma característica pessoal". Essa é a opinião do professor, economista e especialista em planejamento estratégico e finanças, e sóciodiretor da Sundfeld & Associados, João Baptista Sundfeld. Todavia, o lado estratégico exige cuidados específicos para que o empreendedor não dê um passo adiante quando estiver à beira de um penhasco. Para isso, é preciso ter uma base estruturada. "Trata-se de refletir sobre o negócio e estruturar os primeiros estudos para enfrentar os desafios. Essa reflexão ajudará, em muito, o sucesso do negócio", explica.
Mas e quais seriam esses desafios no início de um empreendimento? Para Sundfeld, em primeiro lugar, é preciso estudar o negócio em termos da essência do empreendimento ou o "Core Business", ou seja, o coração da empresa (indústria, comércio, serviços ou os três). A seguir, determinar o capital necessário, o local disponível, estudar quem serão os clientes, a concorrência existente, os equipamentos e as instalações necessárias e, especialmente, definir o pessoal que vai tocar o empreendimento com o empreendedor.
As dificuldades pelo caminho
Por falta de conhecimento e planejamento, um alto índice de empresas pede falência nos primeiros três anos de vida, considerado pelos especialistas como o período crítico do negócio. As principais dificuldades acontecem quando as linhas de atuação não estão claras o suficiente. Quando as primeiras ideias surgem no início da atividade tudo parece perfeito, mas, à medida em que elas são colocadas no papel, surgem muitas burocracias e desafios, para os quais nem sempre o empreendedor está preparado, não tem conhecimento e, em alguns casos, desmotiva o empresário ou mesmo fazem com que o negócio seja inviável. "Na fase inicial do empreendimento é importante ter noção de que não há entrada de recursos, apenas saída de dinheiro. Nesse sentido, é importante o empreendedor ter meios de subsistência que lhe permitam passar por essas primeiras etapas de maneira confortável", orienta a especialista Susana Azevedo.
Na opinião do empresário, sócio-fundador da NakamiTemakeria&Sushibar e de outras sete empresas no ramo de entretenimento e gastronomia, Marcos Simões, um ponto que apresenta bastante dificuldade para implementar uma nova empresa é o planejamento, que se constitui de diversas etapas, como: definir em que segmento investir (e se esse tem potencial de ganho futuro, ou seja, se existe ainda mercado para ele no longo prazo); escolha do ponto comercial (o tipo certo, no local certo é 80% do caminho andado para o sucesso); estar capacitado tecnicamente e financeiramente para investir nesse negócio (com capital próprio, para não iniciar com dívidas) e conhecer todos os riscos e até mesmo a legislação que envolve esse novo empreendimento (para não ser pego de surpresa no meio do caminho).

Comentários

Postagens mais visitadas